quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher - o contexto histórico e a imagem da mulher em algumas propagandas

O Magriço Cibernético resolveu aproveitar o Dia da Mulher para não só prestar uma homenagem, mas também para continuar sua difusão e troca de conhecimentos ligados à competência linguística.
Não é exagero supor que, após tudo o que foi discutido neste blog, já tenha ficado por demais claro que qualquer texto é um conjunto de elementos interligados e que, portanto, para a sua compreensão, é importante respeitar a ligação que esses ingredientes mantêm entre si. Não se pode analisar um só ponto, desprezando os outros, assim como um só ponto não pode entrar em conflito com o seu conjunto, do contrário se corre o risco de comprometer a eficiência da comunicação. Entretanto, há mais uma preocupação que deve ser levada em conta na compreensão textual – o contexto histórico.
Já se disse que toda ação humana está dentro da História. Assim, para se entender completamente um texto, é importante ter em mente o momento em que ele foi criado. O comercial apresentado acima é um exemplo disso. Feito ainda em preto e branco, em um momento em que Regina Duarte era a namoradinha do Brasil (pelos idos perdidos do início dos anos 70 do século XX, provavelmente), a atriz é apresentada cometendo várias falhas na condução de um Fusca: esquece-se de soltar o freio de mão (note que à época se falava “breque de mão”), deixa o veículo morrer, não lembra que para dar partida é necessário que o câmbio esteja em ponto morto, locomove-se em zigue-zague e com o pisca-alerta ligado. No final, a mensagem que valoriza o produto anunciado: “Você já imaginou se não fosse um Volkswagen?”. Ou seja, se não fosse um carro dessa marca, não teria resistido a um desempenho tão catastrófico de sua motorista, uma mulher.
Essa propaganda faz sentido porque está inserida em um tempo em que existia um estereótipo feminino, ou seja, uma generalização indevida de que toda mulher é péssima no volante. E não ocorreu uma celeuma por causa do que foi veiculado. Assim, o anúncio acaba revelando os valores de uma época. Em contrapartida, para entendê-lo em sua integridade, é importante ter noção da mentalidade da era em que foi gerado. Não ter isso em mente pode gerar um erro grave de interpretação que é o anacronismo – atribuição a um período histórico valores que não pertencem a ele. Falha infelizmente ainda muito comum.
Mas, como dizia Camões, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. A mulher foi conquistando espaço na sociedade. Daquele tempo para cá, muitas até chegaram a ser líderes governamentais: Margaret Thatcher, Michelle Bachelet, Angela Merkel, Dilma Roussef. E elas são apenas a ponta de um iceberg – em vários setores da sociedade a presença feminina já se mostra marcante. Criou-se então uma outra imagem de profissional (outro estereótipo?), como se vê na propaganda  abaixo, do Ford Fusion.
Nesse anúncio, lida-se humoristicamente com a frustração de expectativas. Em um almoço profissional, uma mulher lança uma pergunta a um homem e que está ligada a ideias muito importantes em um mundo competitivo como é o corporativo, pois revela preocupação com ambição e busca de metas: “E você, onde pretende estar daqui a cinco anos?”. Veem-se então uma típica fantasia masculina: impressionar uma mulher, coadjuvante (pois está no banco de passageiro), com um carrão. Quando a questão é devolvida, a princípio achamos que nos deparamos com uma repetição de sonho. Mas o final jocosamente mostra que estávamos errados. Na verdade a profissional tem aspirações mais altas que as do companheiro – imagina-se em uma situação muito superior à dele, rebaixado a seu chofer.
Assim, para entender essa peça publicitária, é necessário lembrar que ela está inserida em um contexto em que a mulher acabou assumindo um novo papel, muitas vezes mais ousado e até melhor que o do homem. Ou pelo menos em um contexto em que se criou um outro imaginário feminino. E para confirmar o que se está afirmando, basta imaginar o efeito que teria se a propaganda do Fusca fosse veiculada na época da propaganda do Fusion e se a propaganda do Fusion fosse veiculada na época da propaganda do Fusca.  
Por fim, com base nessas informações, você seria capaz de identificar e descrever o contexto histórico-social em que está inserida a propaganda abaixo?

2 comentários:


  1. O fato é de que NINGUÉM QUER O QUE SE É RUIM, porém sempre há pessoas que se interessam pelas futilidades e coisas superficiais, preferindo o carro do que a carta.Não pensando muito diferente , o homem pode se assemelhar a tais conceitos.
    O que chama atenção é que o dia das mulheres ,exclusivamente , está para aquelas com valores e capacidade que não só prefere um "carrinho" com a carta e um beijo carinhoso , mas está para aquelas que garante que a carta nunca perderá o valor caso o carro suma ou até mesmo que o homem bata.
    Pequenos valores repletos de significados! , adorei o vídeo!.

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  2. O fato é de que NINGUÉM QUER O QUE SE É RUIM, porém sempre há pessoas que se interessam pelas futilidades e coisas superficiais, preferindo o carro do que a carta.Não pensando muito diferente , o homem pode se assemelhar a tais conceitos.
    O que chama atenção é que o dia das mulheres ,exclusivamente , está para aquelas com valores e capacidade que não só prefere um "carrinho" com a carta e um beijo carinhoso , mas está para aquelas que garante que a carta nunca perderá o valor caso o carro suma ou até mesmo que o homem bata.
    Pequenos valores repletos de significados! , adorei o vídeo!.

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