domingo, 1 de abril de 2012

Paródia: Freemont x i30


Já está bastante claro que, para se compreender um texto, é necessário que se entenda que ele é feito de partes que, conectadas, acabam constituindo o seu significado. Além disso, é importante também observar o contexto no qual ele está inserido. Assim, o sentido se faz pela coerência, ou seja, pela relação harmoniosa entre os ingredientes que compõem o que estamos lendo ou escrevendo. Hoje, entretanto, lembraremos que muitas vezes a quebra dessa harmonia é que dá substância ao que estamos produzindo ou degustando. Mais especificamente, falaremos sobre paródia.
No vídeo acima, propaganda do Freemont, SUV da Fiat, imita-se o estilo pomposo dos comerciais dos veículos da Hyundai, como o do i30:


O comercial da Freemont retoma vários elementos do vídeo do i30: a voz sedutora do locutor, os closes que destacam um design fluído, a valorização de luxo e tecnologia e o vocabulário superlativo. Entretanto, quando no reclame da Fiat se descobre que se trata de um discurso grandioso para divulgar uma mera maçaneta, percebe-se que a sua intenção não é simplesmente reproduzir o estilo da montadora asiática. Muito pelo contrário, o objetivo é, com a mudança de tom, criar um efeito de humor depreciativo.
Deparamo-nos, portanto, com o que se classificou como paródia, ou seja, a imitação que não tem a intenção de homenagear, de enaltecer, como faz, por exemplo, uma banda cover. Muito menos sua proposta é efetuar um plágio, pois quem o faz torce para que não seja descoberta a fonte de onde se está copiando ideias ou estilo. Na verdade, o parodiador precisa que seu leitor reconheça os elementos em que ele se inspirou senão seu esforço criativo será inútil. Enfim, trata-se de um tipo de obra que reproduz os procedimentos de uma outra, mas com intenção satírica, jocosa graças à mudança do tom original.
Os procedimentos parodísticos sempre estiveram presentes em nossa cultura (já na Idade Média eram praticados), mas parecem ganhar bastante destaque atualmente. Há quem diga que é por causa da falta de conteúdo na inteligência mundial (nada mais há para ser criado...) ou porque vivemos em uma sociedade na qual é mais fácil desconstruir vampirescamente do que construir e enaltecer. De uma forma ou de outra, a paródia é um recurso válido, muitas vezes rico, e entender os seus mecanismos de funcionamento é bastante útil, principalmente para quem quer entender, por exemplo, a Literatura Brasileira, principalmente a que foi instituída a partir do Modernismo.
Assim, como simples exercício, O Magriço Cibernético pede que você analise os dois vídeos a seguir e diga por que eles podem ser considerados paródias.



Nenhum comentário:

Postar um comentário