Um conceito que não pode ser deixado de
lado durante a leitura é o de que texto nunca se constitui com um simples
amontoado de palavras, ideias e frases. Seu sentido se estabelece por meio da
ligação que esses elementos estabelecem entre si e com o contexto
histórico-social em que estão inseridos. Deve ser, portanto, entendido em seu
conjunto, nunca em suas partes isoladas. Trata-se de um fato de grande
importância, por isso foi várias vezes repetido nO Magriço Cibernético – e muitas mais vezes ainda o será.
Esquecê-lo pode provocar sérios problemas não só na leitura e interpretação,
mas também na redação, como o que ocorreu na propaganda acima (Revista Linha Direta, setembro de 2013, p. 77).
Em um primeiro momento, a mensagem é
bastante simples. Há três fases em que uma instituição pode estar: uma inicial,
representada por um livro pequeno de conto de fadas; uma intermediária,
representada por um livro mediano sobre história da arte; e uma avançada,
representada por um livro grande sobre gestão de negócios. O tamanho da
publicação indica o estágio em que se encontra a empresa: básico, intermediário
ou avançado. Dessa forma, a Totvs propõe-se a ajudar na gestão dessas firmas,
apresentando propostas tecnológicas que se adaptem ao nível em que se
encontram. Daí a associação de um pequenino livro de contos de fadas ao ano 1 e
o de um volumoso de gestão de negócios ao ano 4.
O problema é que a ligação entre os elementos
que compõem essa peça publicitária abre caminho para outra sorte de ideias. O
que mais chama a atenção é considerar como conhecimento de nível intermediário
o relacionado à história da arte, enquanto o de gestão de negócios é mostrado
como avançado. É certo que se trata de um conceito bastante difundido em nossa
sociedade, que valoriza o lucro, muitas vezes em detrimento de questões mais
humanas. No entanto, é estranho que esse pensamento apareça em uma revista da
área de educação, já que seu público (teoricamente) não lida com preconceitos –
o que o anúncio acaba veiculando, mesmo que inadvertidamente. Arte não é um
conhecimento menor em relação à administração financeira. Aliás, uma boa
publicação de historiografia estética é bem mais volumosa do que à de gestão de
negócios apresentada. Além disso, o próprio conhecimento sobre os contos de
fada ocuparia livros bem mais extensos. Basta ler Bruno Bettelhein com o seu A Psicanálise dos contos de fadas ou
Marie-Louise von Franz com o seu A sombra
e o mal nos contos de fada.
Essas considerações permitem entender,
portanto, que a articulação de elementos é o que dá sentido a um texto.
Manipulá-los de forma desajeitada, seja na leitura, seja na redação, pode gerar,
como se observou na propaganda acima, problemas indesejados na comunicação.
Resumos, análises e comparações.
Para adquirir o seu,
Considero limitada a pessoa que põe um livro específico como esse que trata de gestão de negócios à frente de um conhecimento que todos precisamos ter - a história da arte - e de outro que faz parte de nós (contos de fadas).
ResponderExcluirGostei de teu raciocínio: como algo tão específico pode ter mais importância do que algo que serve para todos?
Excluir