Já
está bastante claro que, para se compreender um texto, é necessário que
se entenda que ele é feito de partes que, conectadas, acabam
constituindo o seu significado. Além disso, é importante também observar
o contexto no qual ele está inserido. Assim, o sentido se faz pela
coerência, ou seja, pela relação harmoniosa entre os ingredientes que
compõem o que estamos lendo ou escrevendo. Hoje, entretanto, lembraremos
que muitas vezes a quebra dessa harmonia é que dá substância ao que
estamos produzindo ou degustando. Mais especificamente, falaremos sobre
paródia.
No
vídeo acima, propaganda do Freemont, SUV da Fiat, imita-se o estilo
pomposo dos comerciais dos veículos da Hyundai, como o do i30:
O comercial da Freemont retoma vários elementos do vídeo do i30: a voz sedutora do locutor, os closes que destacam um design fluído,
a valorização de luxo e tecnologia e o vocabulário superlativo.
Entretanto, quando no reclame da Fiat se descobre que se trata de um
discurso grandioso para divulgar uma mera maçaneta, percebe-se que a sua
intenção não é simplesmente reproduzir o estilo da montadora asiática.
Muito pelo contrário, o objetivo é, com a mudança de tom, criar um
efeito de humor depreciativo.
Deparamo-nos,
portanto, com o que se classificou como paródia, ou seja, a imitação
que não tem a intenção de homenagear, de enaltecer, como faz, por
exemplo, uma banda cover. Muito menos sua proposta é efetuar um
plágio, pois quem o faz torce para que não seja descoberta a fonte de
onde se está copiando ideias ou estilo. Na verdade, o parodiador precisa
que seu leitor reconheça os elementos em que ele se inspirou senão seu
esforço criativo será inútil. Enfim, trata-se de um tipo de obra que
reproduz os procedimentos de uma outra, mas com intenção satírica,
jocosa graças à mudança do tom original.
Os
procedimentos parodísticos sempre estiveram presentes em nossa cultura
(já na Idade Média eram praticados), mas parecem ganhar bastante
destaque atualmente. Há quem diga que é por causa da falta de conteúdo
na inteligência mundial (nada mais há para ser criado...) ou porque
vivemos em uma sociedade na qual é mais fácil desconstruir
vampirescamente do que construir e enaltecer. De uma forma
ou de outra, a paródia é um recurso válido, muitas vezes rico, e
entender os seus mecanismos de funcionamento é bastante útil,
principalmente para quem quer entender, por exemplo, a Literatura
Brasileira, principalmente a que foi instituída a partir do Modernismo.
Assim, como simples exercício, O Magriço Cibernético pede que você analise os dois vídeos a seguir e diga por que eles podem ser considerados paródias.
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